domingo, 8 de maio de 2011

Dos conselhos

Sua mãe diz o que você deve fazer.
Seu pai conta uma história de um velho amigo que passou pela mesma situação, se descuidou e quebrou a cara.
Seu avô, curto e grosso, aconselha a mandar tudo pro espaço.
Sua avó cita a Bíblia e, sutilmente, sugere uma saída.
Aquele filme te dá a incrível ideia de viajar pelo mundo pra se descobrir, você só não sabe como viabilizar isso, então esquece.
Seu irmão ri da sua cara.
Sua irmã te manda parar de chorar, senão vai borrar o rímel.
Aquela amiga cafona te manda uma apresentação de Power Point "que, nossa, mudou a vida de muita gente, cê nem imagina!".
Suas tias ficam com pena e fazem uma travessa de rabanada pra você se consolar.
Seu professor de história cita Ghandi.
Seu professor de química diz que é só uma fase e que não há nada que um bom porre não cure.
Seu professor de literatura cita o Pequeno Príncipe (e você se derrete toda né, sua boba?).
Suas melhores amigas dizem pra encarar sem medo e não se deixar abalar.
A recepcionista do seu alergista diz que não há nada que uma boa noitada não cure.
Seu cachorro te encara com aqueles olhões pretos tão expressivos e consoladores... e te dá uma lambida.
A vizinha indica uma simpatia infalível.
O vizinho diz que rir é o melhor remédio e conta uma piada indecente e constrangedora.
Você encontra um blog com umas ideias super revolucionárias de como mudar o mundo a partir da mudança de si mesmo,
E outro blog com histórias deprimentes engraçadíssimas que te dão vontade de resmungar eternamente sobre o quanto a sua vida é ruim,
E uma pichação no alto do viaduto dizendo que "a vida é bela".

Depois de dois meses, quando você nem pensa mais nisso, vem o motorista do ônibus e fala pra uma velhinha:
"No fim do dia, a gente deita no travesseiro com a nossa cabeça, não com a dos outros. Né não, Dona Francisca?"
A senhora, que na verdade nem ouviu direito o que ele disse, responde superficialmente: "Não tem dinheiro nesse mundo que compre consciência tranquila, meu filho."

Aí você pensa que, na verdade, tem que fazer o que o seu coração manda mesmo e que se dane a opinião dos outros, ninguém te conhece tão bem quanto você mesma, afinal, você não tá fazendo mal a ninguém, a vida é sua, os riscos são seus, as consequências também e quem paga suas contas...eeeehr...esquece esse final aí.

Tá certo, e agora?
Tem muito conselho ruim aí nessa história. Mas tem muito conselho bom aí nessa história.
Todo mundo querendo o seu bem, claro. Mas será que você quer o seu bem? Será que o que você quer vai te fazer bem?

E se você acha que vai encontrar a resposta por aqui, se enganou de novo, meu bem.
Afinal, de onde você acha que surgiu a ideia pra isso tudo?

uma porcaria, mas a ideia era boa, juro

unhas do pé recém-pintadas, a campainha toca, topada no rodapé.
dói e dói muito.
coloca gelo pra dor passar, o frio incomoda, mas acostuma.
a dor vai passando e, quando finalmente, nem se sente mais, lá está a unha amassada, o esmalte borrado, que faz lembrar de todo o processo:
a dúvida na hora da escolha da cor, o trabalho pra pintar, o acabamento, o orgulho bobo em ver que deu certo, todo o tempo perdido nessa brincadeira e, enfim, a frustração de ver que tudo isso virou um grande borrão.
respirar fundo, desfazer tudo, voltar à estaca zero mesmo.
escolher uma nova cor, afinal, a outra lembra os acontecimentos anteriores, claro.
ok, unhas (re)pintadas, uma nova cor, um novo estado de espírito, até.
"gostei! muito melhor que antes, não acham?"
o tempo passa e agora, que a nova cor já descascou, já perdeu o brilho,
aparece, do nada, a dúvida:
"sei não, mas acho que a outra cor era mais bonita..."
"se bem que essa combina mais comigo."
"ah, será que não tem uma cor nova? enjoei de todas que eu já vi."

às vezes o que a gente pensa (ou se esforça para) ser e não é,
é exatamente o que o outro espera que sejamos.
aí dá tudo errado
e a gente nem desconfia do motivo.

domingo, 13 de junho de 2010

Wouldn't?

Wouldn't it be nice if we were older
Then we wouldn't have to wait so long
And wouldn't it be nice to live together
In the kind of world where we belong

You know it's gonna make it that much better

When we can say good night and stay together

Wouldn't it be nice if we could wake up

In the morning when the day is new
And after having spent the day together
Hold each other close the whole night through

Happy times together we've been spending

I wish that every kiss was never ending
Wouldn't it be nice

Maybe if we think and wish and hope and pray

It might come true
Baby then there wouldn't be a single thing we couldn't do
We could be married
And then we'd be happy
Wouldn't it be nice

You know it seems the more we talk about it

It only makes it worse to live without it
But let's talk about it
Wouldn't it be nice

segunda-feira, 17 de maio de 2010

No começo eu achava que não era nada, só quis dar uma chance a algo novo. Depois comecei a acreditar que era pra sempre.
Esse foi o meu erro. Nada é pra sempre, muito menos uma paixão.
O pior é que passou tão rápido, foi tão intenso por algumas semanas e acabou tão de repente.
O choque entre as conversas de horas e o papinho frio, entre o clima de paixão e a distância entre as almas (que faz a real distância parecer ínfima), entre a vontade de estar junto o tempo todo e a preguiça de estabelecer um contato só por obrigação, é gritante.
Estando com você eu comecei a pensar em casamento, filhos, construir uma vida juntos, aproveitar coisas que só nós dois saberíamos apreciar da maneira certa, experiências únicas de nós dois, tanto os grandes momentos quanto as pequenas coisas do cotidiano. Supostamente, não era pra eu pensar em nada disso pelos próximos dez anos, pelo menos. Mas eu quis pensar só porque era com você.
Não poder vivenciar isso, não era um problema tão grande até você me prometer tudo, até você me dizer que aguenteríamos o que fosse preciso. Mas só quem fez grandes esforços fui eu, mesmo sendo a parte que menos poderia fazer.
Não quero nem lembrar que eu cedi aos seus encantos quando estava emocionalmente abalada, você deveria saber disso e só me apoiar. Mas não quero te acusar de se aproveitar do momento porque parte de mim acredita cegamente que não é verdade.
Minha maior mágoa é lembrar que, um dia, cheguei a cogitar a possibilidade de assumir todos os riscos e enfrentar todas as consequências por você e com você. Mesmo assim, eu sei que vou sofrer por mim e por você quando tudo isso acabar. E, mais uma vez, vou aguentar as consequências que, assim como os meus esforços, são muito maiores pra mim do que pra você.
Eu sinto muito que você seja igual aos outros e que eu tenha acreditado que era diferente, mas sinto mais ainda que eu tenha tentado ser diferente com você, melhor do que fui com qualquer outro e achado que você seria merecedor e capaz de reconhecer. Agora eu vejo que foi à toa.
Vou sentir falta de você e da esperança de ter aquela vida que nós sonhamos. Mas agora, o que fica é a saudade, a desilusão e as marcas deixadas não vão me deixar te esquecer.
E as nossas músicas, claro, sempre vão te trazer de volta à minha memória.

Triste que essas palavras tenham surgido antes mesmo que tudo termine entre nós dois, não é?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Pombo-correio

Ando procurando um certo passarinho.
Um que tenha asas bem fortes, que aguentem um vôo longo.
Pra dar um recado pra uma pessoa que está longe.

Andorinha? Bem-te-vi? Águia?
Não...Nenhum desses sevre.

Meu mensageiro tem que ser especial,
Tem que levar a paz.
Tem que ser daqueles que entendem de convivência, companheirismo.
Preciso de um pombo!

Pra dizer à pessoa que eu amo,
Que eu estou com saudade.
E que dá pra viver junto, em paz, mesmo no meio da tempestade.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Let's face it together.

"Adoro você." Ele disse daquele jeitinho bobo que fazia ela se derreter toda.
"Com o tempo você vai me conhecendo e vai deixando de me adorar." Ela disse, sorrindo, transparecendo o medo de perder o elemento misterioso que ela tanto cultivava nos homens.
(De certa forma, ela acreditava que era isso que os mantinha interessados.)
"Talvez." Ele respondeu, seco.
Ela não gostou muito da resposta, ficou quieta e baixou os olhos.
"Vamos descobrir juntos?" Ele pergunta com um sorrisinho de canto de boca.
Ela levantou o olhar, sorriu e "Vamos!"

Mesmo tendo uma lista enorme de 'contras', os 'prós', apesar de poucos, foram decisivos e falaram mais alto.
Ainda que venham consequências, ainda que vá doer muito (como já doeu antes), mais uma vez, ela topa correr o risco.
Ela está (des)aprendendo a viver.