quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ocaso

Vejo o pôr-do-sol.
E enquanto ele se põe eu sinto que com ele,
alguma coisa sai de mim e se esconde atrás do horizonte.
O dia acaba e uma parte de mim acaba também.

Tenho medo de que com o passar do tempo não sobre mais nada de mim.
Nem mesmo uma lembrança.

Não há como impedir, não se pode deter nem atrasar.
É inevitável.

Só posso assistir. Como se assiste ao pôr-do-sol.

Um comentário:

  1. Há algo triste no pôr-do-sol: logo vem a noite, fria e escura; nossos medos dão as caras, sentimo-nos sós.
    Não estamos sozinhos, mesmo quando nós sentimos o vazio, mesmo o vazio nos enchendo.
    Não tenha medo, pois o sol nunca se atrasa. Amanhecerá em breve e o calor e a beleza do dia acariciará o nosso rosto.
    Não tenha medo de se apagar concomitantemente com o sol, o medo indica a brasa que teima em arder e se consumir.
    Só o sol pode apagar-se, o mesmo ocorre com cada pessoa.
    Tentar brilhar com as próprias forças nos desgasta ao ponto que sobra o pó.
    O fogo precisa ser apagado antes que sejamos apagados por ele. As cinzas, jogadas fora para que nova lenha possa ser posta no lugar daquela que apenas morria em brasa. Essa nova lenha não se consome e seu fogo queima tal como o sol; mais que o sol, pois quando este se apagar, ainda haverá esse Sol da Justiça a nos iluminar e aquecer corações desenganados.
    O ocaso do eu é necessário para que nEle realmente existamos.

    ResponderExcluir